venerdì 28 novembre 2014

Poema para Musil, de Maria Gabriela Llansol

Tirar-te o que escondes, roubar-te o trajo,
A tatuagem e a veste. Ver-te.
Rasgar a imagem que trazes diante de ti.

Avançar para o teu rosto
E num golpe contemplativo,
Cegar-te.

Privar-te de luz,
Que entres em pânico,
No medo e na ansiedade.

Encostar-me a ti, sem nada,
E murmurar-te ao ouvido
Renasce.

Nesse corpo desmunido,
Perguntar para quê tanta violência,
Se me bastava passar ao largo
E não ver
Esse 
Apelo ciciado.

Troquemos de veste. É uma ordem.



Maria Gabriela Llansol (2000). Onde vais, drama-poesia?. Lisboa: Relógio d'Água.
VII. Oferendas, p. 285-286, seguido de comentário (p. 286-287)

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