lunedì 17 novembre 2014

Senhora de Londres escolhendo limões, de Rui Costa

Não, nem todo o limão é amarelo quando
a mão de alguém o toca e humaniza, pequeno deus
aos tombos do céu de um pensamento manual e
exigente. Às vezes, quando a sede não é muita, 
um do fundo é erguido à altura do olhar e então,
por mágica rotação da sorte que nos astros se reflecte,
encontra uma outra luz na mão que o recebe e deposita
em morada assaz prosaica e de plástico. Na vida,
a caminho do futuro que ele nunca saberá onde fica,
o limão continuará a ser inteiro
e o seu sumo continuará a ser sumo,
pela mesma sábia razão por que a história dos homens
é sempre muito maior do que eles.


Recolhido do blog Poetas Siglo XXI, de Fernando Sabido (http://poetassigloveintiuno.blogspot.pt/2013/05/rui-costa-9717.html)

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